Minha história
Minha Jornada com o Autismo e a Análise do Comportamento
Casei aos 16 anos com o amor da minha vida e logo comecei a trabalhar em um Centro de Educação Infantil. Sempre amei bebês e me encantava com cada movimento, sorriso e descoberta que faziam.
O nascimento do Felipe e os primeiros sinais
Aos 21 anos, engravidei do Felipe e preparei tudo com muito carinho para sua chegada. Ele nasceu um menino lindo, mas, desde os primeiros meses, apresentava dificuldades: chorava muito, não dormia bem e teve problemas para mamar. Com o tempo, passou a ter infecções de ouvido recorrentes e foi diagnosticado com refluxo. Após o início do tratamento, ele ficou mais calmo e começou a brincar, mas sempre de maneira repetitiva—girava rodas, tampas e brinquedos.
Felipe estranhava pessoas, chorava quando alguém chegava em casa e se incomodava ao sair. Começou a falar apenas aos três anos, apresentava comportamentos repetitivos, gesticulava bastante e usava fotos para iniciar a comunicação.
A chegada do Lucas e a busca por respostas
Quando Felipe tinha quatro anos, engravidei do Lucas. Nessa época, a escola já havia me chamado para conversar sobre os atrasos no desenvolvimento do Felipe, mas ainda não tínhamos um diagnóstico.
Lucas nasceu um bebê tranquilo. Dormia e mamava bem, se interessava por diferentes brinquedos e adorava cantar. Mas, aos dois anos, quando começou a frequentar a escola, passou a apresentar crises de choro intenso, que duravam até duas horas. Com o tempo, começou a demonstrar agressividade.
Procuramos médicos em nossa cidade, mas todos disseram que poderia ser apenas um atraso no desenvolvimento. No entanto, como as dificuldades continuavam, buscamos um especialista em outra cidade. Foi então que, no mesmo dia, Felipe e Lucas receberam o diagnóstico de autismo. O médico também solicitou um exame de DNA para investigação da Síndrome do X-Frágil.
Início das intervenções e desafios na escola
Após o diagnóstico, levamos o laudo para a escola e solicitamos um auxiliar de educação inclusiva para acompanhá-los. Felipe já fazia várias intervenções—fonoaudiologia, psicologia, natação—e passamos a incluir Lucas nas terapias também, acrescentando terapia ocupacional e equoterapia. No entanto, os comportamentos do Lucas não melhoraram.
Com o tempo, ele começou a tomar risperidona, mas ainda apresentava episódios de agressividade que se intensificavam. Na escola, não conseguia participar das atividades e, aos oito anos, decidimos trocá-lo de instituição. Ele foi muito bem acolhido na nova escola, mas as atividades não eram adaptadas, o que impedia seu progresso acadêmico. Apesar disso, a agressividade diminuiu um pouco.
Então, chegou a pandemia. Passei a realizar as atividades com eles em casa e comecei a pesquisar as melhores práticas de intervenção para o autismo. Foi assim que descobri a Análise do Comportamento Aplicada (ABA).
A descoberta da ABA e o avanço do Lucas
Mergulhei nos estudos e comecei a aplicar algumas técnicas durante as atividades pedagógicas e no manejo dos comportamentos. Em seis meses, consegui alfabetizar Lucas e ensinar várias habilidades práticas. Esse avanço me motivou ainda mais, e decidi me especializar na área, ingressando em uma pós-graduação em ABA.
Ao final da pandemia, Lucas já conseguia participar das aulas ao vivo com materiais adaptados. No início, ele se deitava no chão cinco vezes em uma hora; ao final, conseguia acompanhar as atividades por quatro horas seguidas e interagir com o grupo. Esse foi um enorme sucesso!
Minha formação na Análise do Comportamento
Diante desses resultados, contratei um supervisor para me auxiliar no ensino de habilidades sociais para o Lucas. Concluí minha pós-graduação em ABA, me inscrevi no IBAO e comecei a supervisionar professores e terapeutas. Ao mesmo tempo, me preparava para a certificação internacional.
Finalizei todo o processo de cadastro de supervisões e cursos e, por fim, realizei a prova do IBAO. Fui aprovada e fiquei imensamente feliz!
Hoje, continuo estudando e aprofundando meus conhecimentos em análise do comportamento, supervisionando profissionais e produzindo materiais educativos para ajudar outras famílias e profissionais na inclusão e no ensino de crianças autistas.
